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Acerca de mim

Jornalismo U.F.Bahia/ Filosofia U.N.Lisboa/ Campeã Brasileira de Vela(Laser)/Nasci no Brasil(Bahia). Morei em Salvador, São Paulo, Cambridge, Ibiza e Lisboa.Autora de"O Caminho do Mar", Ilustração: Calasans Neto, ed.P555, Salvador-Ba,2004. Tenho três gatos:Homero, Bocage e Clarice(Lispector). Signo de Touro, ascendente em Leão, lua em Peixes.Doze e meio por cento de Sangue Índio(BR), a melhor parte de mim.

sexta-feira, janeiro 12, 2007

O que é a coragem?

Tenho dez minutos para escrever, de memória, o que, no essencial, Platão e Aristóteles disseram sobre a Coragem. Bem, meus estudos éticos já lá estão no arquivo frágil da memória, há alguns anos. Lembro-me que Platão, através de Sócrates, em casa de amigos, comparou o corajoso a um bom cão, aquele que se porta bem entre amigos e diante de um desconhecido tolera-o até que, de facto haja uma situação de perigo. Não deve haver precipitações de reacções alteradas. O corajoso é aquele que persiste, pois, situações alheias aos seus interesses genuínos, não devem promover uma debandada nas intenções. Um corajoso é aquele que põe-se numa linha de acção consistente. Para ser corajoso é preciso conhecimento de si, conhecimento das circunstâncias. Trata-se de uma organização estrutural num universo da acção, da práxis humana.
Um corajoso, diria Aristóteles, é uma pessoa que detém uma virtude que se encontra entre os limites do cobarde e do intrépido, entre os limites do medo e do desvario,e, entre os limites do sofrimento e do prazer, atendendo à uma situação da práxis, numa organização estrutural que envolve um justo saber. Saber que não o põe em fuga de toda e qualquer situação dolorosa, pois há situações que promovem dor, mas apontam para um bem, e não perseguir desvairadamente uma situação que provoque o prazer, se o final deste for um mal. O corajoso é aquele que está em condições de decidir, pois sabe deliberar sobre as hipóteses, sobre a situação humana, e, por onde quer trilhar. Portanto não poderá haver um corajoso, que, acaso, não saiba para onde quer caminhar, nem corajoso que não reconheça os caminhos, nem corajoso que se instale na busca do prazer, e fuga ao que promova a dor, nem o inverso. Um corajoso é aquele que repetidamente se mostra como tal, pois há um modo de ser constituído, tornado hábito, pois o hábito é uma segunda natureza.

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